Burnout: o que é?
Burnout. A palavra é de origem anglo-saxónica mas, infelizmente, faz hoje parte do nosso vocabulário. Ouvimo-la repetidas vezes em conversas sobre exaustão ou fadiga física e psicológica associadas ao trabalho.
A crescente competitividade no universo empresarial e, por vezes, no interior das próprias organizações, tem tornado este um problema do nosso tempo, embora em meados do século XX, pela voz e pena do psicólogo norte-americano Herbert Freudenberger, a palavra tenha ganhado significado científico, sendo, a partir daí – em 1974 – vista como uma patologia clínica pelos seus pares que, tal como outras, necessita de acompanhamento médico.
Atualmente, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) refere-se à Síndrome de Burnout como um tipo específico de excesso de stress provocado pelo trabalho, caracterizando-se, sobretudo, pela exaustão emocional e diminuição do envolvimento pessoal na profissão.
Este quadro surge quando, de forma repetida e intensa, existe uma quantidade anormal de tarefas ou de carga horária, dificuldade em gerir situações de stress ou, até, um contacto diário muito exigente com os mais diversos atores ligados à organização.
A Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde refere mesmo que em 2016 este era um problema que afetava quase 14% dos portugueses, com um impacto muito significativo na sua saúde física e mental.
Ainda que seja um problema de origem profissional, tem, depois, consequências profundas na esfera privada: fadiga, desmotivação e sentimento geral de insatisfação são apenas alguns dos exemplos que migram dos corredores do escritório para o contexto familiar.
Principais sintomas do Burnout
Já aqui foram descritos, mas, agora, vamos ao detalhe. Normalmente, desenvolvem-se de forma progressiva, podendo manifestar-se através de sintomas ligeiros até se tornarem incapacitantes: sintomas de ansiedade, angústia, desorganização ou depressão são comuns. Já o cansaço, emocional e físico, leva a que o paciente tenha uma perceção de incapacidade para gerir o seu dia a dia.
Segundo os profissionais ligados ao estudo da Síndrome de Burnout, estes são os sinais a que deve estar atento:
– Insatisfação profissional;
– Exaustão emocional;
– Sensação de mal-estar e insatisfação com a vida;
– Perda de qualidade nas relações sociais e familiares;
– Desmotivação e menor dedicação no trabalho;
– Fadiga e dores musculares;
– Alterações do sono, dos níveis de tensão arterial e enxaquecas recorrentes;
– Capacidade empática reduzida;
Causas do Burnout
É no trabalho que as causas têm origem quando se fala em Burnout. Um contexto extremamente negativo ou uma carga de trabalho desproporcional que lesem o bem-estar pessoal e profissional podem levar a situações de enorme desgaste.
Para que sejam mais facilmente apreendidas, deixamos as possíveis causas do Burnout, tal como no anterior parágrafo, por pontos:
– Desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional;
– Falta de autonomia e controlo sobre as tarefas e organização de trabalho;
– Dificuldades relacionais com colegas de trabalho ou superiores hierárquicos;
– Carga de trabalho excessiva;
– Pouco significado atribuído às tarefas ou à missão da empresa;
– Realização de atividades perigosas ou de grande exigência emocional;
– Carga horária excessiva, trabalho por turnos e poucas pausas.
Burnout diagnosticado: o que fazer?
A má notícia chegou: consultou um especialista e este diagnosticou Síndrome de Burnout. Além das naturais recomendações clínicas prescritas pelo médico, existem algumas alterações comportamentais que podem travar o galopar da doença.
A primeira e mais simples de implementar passa por, no imediato, abrandar o ritmo profissional. A este passo, segue-se uma profunda e séria reorganização do trabalho, sendo a delegação de tarefas um dos caminhos possíveis. Respeitar as pausas e diminuir a carga e/ou as horas trabalhadas — caso sejam em excesso — são outro dos pontos a implementar logo após o diagnóstico médico.
De acordo com algumas recomendações da parte da OPP, dependendo da gravidade do quadro clínico, poderá ser necessário aplicar um período de descanso. Mais tarde, ao regressar ao trabalho, é fundamental impor certos limites para que a evolução positiva não sofra regressões, evitando, assim, recaídas. A introdução de hobbies que ocupem uma parcela relevante do tempo e ainda a introdução de um estilo de vida mais saudável são passos importantes a dar.
Prevenção, o melhor remédio
A prevenção do aparecimento de situações de Burnout deve ser responsabilidade de patrões e colaboradores. Estes últimos devem ter na agenda pontos de passagem obrigatória, que minimizem a possibilidade de aparecimento deste tipo de doença.
Cuidar da sua saúde mental, promover o bem-estar pessoal, ter passatempos fora do ambiente laboral, estabelecer limites dentro do trabalho, conciliar da melhor forma a vida profissional com a pessoal/familiar e praticar exercício físico regularmente de forma moderada são passos cruciais.
Já as empresas também têm um papel importante a desempenhar. O primeiro e mais óbvio é promover um bom ambiente no trabalho e, à boleia disso, promover o respeito pelo cumprimento dos horários. Garantir o crescimento e desenvolvimento dos trabalhadores, além de reconhecer o trabalho prestado são formas de manter o colaborador motivado, afastando a possibilidade de crescimento de sentimentos negativos. Por último, mas extremamente relevante, é manter uma colaboração estreita com psicólogos para que estes contribuam para uma correta avaliação do stress da equipa.
Ignorar o problema: a pior alternativa!
Pensar — o colaborador e sua chefia — que se trata de uma fase passageira, motivada pelo excesso de trabalho numa fase muito particular do ano, é o pior dos erros. Porém, alertam os especialistas, ignorar uma situação de Burnout é praticamente impossível, pois trata-se de um problema que incapacita qualquer indivíduo em todas as esferas da sua vida.
Assim, ignorar este diagnóstico pode desencadear um quadro de ansiedade e depressão graves como o isolamento, desvalorização pessoal ou até comportamentos violentos, afetando relações interpessoais: as do trabalho primeiro, as familiares e de amizade depois.
Numa situação extrema, pode também ter efeitos económicos: havendo uma baixa médica, os rendimentos, regra geral, diminuem, e, em paralelo, aumentam os gastos com tratamentos, medicação e consultas.
Do ponto de vista do empregador, gera-se uma situação de erros e acidentes laborais, diminuição da produtividade ou absentismo.
Mantenha-se, portanto, atento a todos os sinais dentro da sua empresa.