Depois de termos abordado a importância da avaliação de desempenho dos colaboradores, queremos agora dar a conhecer a necessidade de uma autoavaliação também por parte dos líderes.
E se uma avaliação de desempenho permite perceber em que ponto está o trabalho dos colaboradores e equipas em relação às expetativas e aos objetivos, uma autoavaliação promove a reflexão e pode levar à adaptação de processos e da própria gestão.
Mas antes disso, importa compreender do que se trata uma autoavaliação, assim como a sua importância e desafios.
A importância da autoavaliação
A autoavaliação profissional é um processo no qual um líder ou trabalhador avalia as suas próprias capacidades, conhecimentos e características pessoais relacionadas ao desempenho das suas atividades profissionais.
Estamos habituados às autoavaliações desde os tempos da escola, e a verdade é que, também em contexto de trabalho, esta é uma forma de fazermos uma introspeção para identificar pontos fortes, áreas de melhoria e oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
Não importa qual a profissão que exercemos, fazer uma autoavaliação profissional é sempre uma prática positiva. Com esta reflexão, será possível identificar em que ponto está a nossa carreira e verificar o que é preciso para concluir metas com sucesso.
Como fazer uma autoavaliação profissional?
Atualmente, existem já vários exercícios e teorias que podemos seguir para fazer uma boa autoavaliação profissional mas, de uma forma geral, todas elas abordam mais ou menos os mesmos pontos:
- Analisar a carreira de forma honesta;
- Identificar as competências técnicas;
- Avaliar as competências interpessoais;
- Reconhecer as características pessoais;
- Solicitar feedback de colegas e superiores.
Desta forma, através de um processo de análise e reflexão, é possível obter uma compreensão mais profunda das suas valências, pontos fortes e áreas a melhorar.
E, no caso da autoavaliação na liderança, ainda que os critérios não sejam os mesmos, o resultado é semelhante: direcionar e gerir o comportamento no caminho do sucesso e do desenvolvimento pessoal e profissional.
A autoavaliação deve ser vista sempre como um exercício de reflexão positiva. Este processo de autoconhecimento é importante para os trabalhadores, para os líderes compreenderem os seus funcionários, mas também para os próprios líderes perceberem o seu papel de liderança.
E é neste último ponto que nos vamos focar no resto deste artigo.
10 dicas para fazer uma autoavaliação sobre a sua liderança
Pode não ser fácil compreender como fazer uma autoavaliação enquanto líder e, nesse sentido, vamos dar 10 dicas para que empreendedores, empresários e líderes possam realizar um processo de autoavaliação com sucesso:
1 – Capacidade de comunicação
A minha equipa recorre a mim de uma forma tranquila ou evita o contacto?
É importante perceber se está a conseguir comunicar de uma forma tranquila e producente e não de uma forma agressiva. Esta possível agressividade vai criar uma barreira entre o líder e os colaboradores, que não beneficiará em nada os objetivos da empresa.
2 – Analisar a capacidade de compreensão da sua equipa
Até que ponto o líder conhece as pessoas que trabalham consigo?
É importante que compreenda as necessidades reais da sua equipa e que procure proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro. Não é fácil gerir pessoas, mas pode ajudar que tente aproximar-se das suas realidades.
3 – Listar os pontos fortes da sua liderança
Perceber aquelas que considera serem as maiores valências da sua liderança e, depois, identificar que outras forças ainda não conseguiu explorar na sua gestão e como as otimizar e desenvolver no dia a dia.
4 – Identificar os pontos fracos da sua liderança
Listar os aspetos em que não consegue destacar-se pela positiva, e que poderão estar a limitar o negócio, para, depois, pensar numa estratégia de melhoria.
5 – Pedir feedback e estar recetivo a ouvir
É crucial que alguém numa posição de liderança esteja recetivo a ouvir críticas sempre que se justifique. Um emissor não existe sem um recetor, e, por isso, é muito positivo compreender aquilo que representamos para quem lideramos. Esta é também uma forma de evoluir e identificar falhas que desconhecemos.
6 – Gestão do Tempo
Estou a ser capaz de efetuar as minhas tarefas de forma produtiva?
Faça uma análise de como tem gerido o seu tempo tendo em conta as tarefas diárias que, enquanto líder, poderão ser menos operacionais e mais criativas. Este diagnóstico fará com que consiga dedicar mais tempo às questões mais desafiantes.
7 – Analisar a capacidade de gerir conflitos
Há dias de trabalho mais desafiantes e, por vezes, é preciso resolver conflitos. Neste ponto, o convite é para que analise as estratégias que adotou nas últimas vezes que foi chamado a resolver problemas de diferentes áreas, como dois colaboradores que entraram em disputa ou um fornecedor que não cumpriu um deadline, por exemplo.
É também importante que faça uma autoanálise à sua capacidade de identificar estes problemas em tempo útil.
8 – Tomada de decisões
Um líder tem de tomar decisões diariamente. Como tem sido esse processo de tomada de decisões? Tenho facilidade ou debato-me com questões de consiência?
Não existe uma fórmula milagrosa para percebermos se as decisões que tomamos são as mais corretas no momento mas, com a distância do tempo, pode ser importante analisar esse historial e compreender o que nos motivou naquele momento.
9 – Definir objetivos
Para onde quero dirigir-me e o que posso fazer para lá chegar? Ainda que a princípio não pareça claro, definir objetivos é também um importante processo de autoavaliação. Depois de compreender também os pontos anteriores, o líder deve conseguir listar os seus objetivos – a nível pessoal, de liderança e de negócio – e assim criar estratégias para os cumprir.
10. Definir uma regularidade para o processo e cumpri-la:
É importante que a autoavaliação seja regular, e não um episódio pontual. Esta análise fará com que tenha uma maior consciência do papel da sua liderança, dando-lhe uma maior margem para corrigir possíveis falhas e limar arestas.
Quanto mais vezes olharmos para as nossas atitudes e competências, maior a probabilidade de detetarmos falhas e as corrigirmos atempadamente.
Ser empreendedor e gerir uma equipa pode ser algo natural, mas há que compreender que o estilo de liderança também poderá ter de sofrer alterações tendo em conta o tipo de pessoas que estamos a gerir.
Em conclusão, a par de todos os objetivos e ambições que um líder possa ter para a sua empresa ou negócio, é importante que tenha a humildade de fazer uma introspeção também na sua liderança.
E depois de compreender possíveis falhas, o caminho é o de trabalhar na melhoria das mesmas. Nem sempre será fácil, mas o foco é tentar cumprir.
Acreditamos, ainda, que um líder não tem de ser obrigatoriamente amigo dos seus colaboradores, mas deve ter a competência de criar um ambiente de trabalho seguro, saudável e motivado. Até porque uma equipa feliz é, normalmente, sinónimo de bons resultados.